A ação governativa, no que às florestas e ao
sector florestal respeita, tem primado pela reação e ausência de ação.
Naquela que era
a grande bandeira do início de mandato, a revogação da “lei que liberaliza as
plantações de eucalipto”, o Governo, após mais de ano e meio de sobressaltos, viu
sair do Parlamento uma amálgama de emendas, longe de estabelecer consensos,
sequer meios consensos. Foi assim ultrapassado, com a aprovação da Lei n.º
77/2017, de 17 de agosto. Tão pouco conseguiu ter a capacidade de criar um
outro regime jurídico para as ações de arborização e rearborização, limitou-se
a propor alterações ao que vinha de trás.
Ao nível
industrial, face à ausência de estratégia governativa, a uns arrufos dos
industriais respondeu da forma que melhor sabe, distribui-lhes fundos públicos.
Face aos incêndios
de 2016, reagiu com uma “reforma” que, ora o ministro da Agricultura se
vangloriava de ter recebido mais de 600 propostas de emenda em apreciação pública
(o que não é de todo um bom sinal), ora o ministro se queixa agora de falta de
críticas em tempo útil. O desnorte. Desta “reforma”, como das suas antecessoras,
pouco há a esperar.
Mas, no essencial do presente e futuro próximo,
face aos incêndios de 2017, o Governo manifesta sintomas de continuar a apostar
na reação, não em ação.
· Face à
elevada quantidade de madeira ardida e às consequências deste anormal aumento
da oferta nos preços à produção, o Governo não tem um plano de intervenção. Se
por um lado apostou no desenvolvimento de estratégias de valorização do
interior, na prática deixa agora os agricultores e proprietários de superfícies
florestais ao sabor de oportunistas e de mercados onde vigora a lei do mais
forte, a da procura industrial.
·
Face à área
ardida e à necessidade de recuperação ou de reconversão de uso dos solos, na
ausência de uma estratégia de extensão rural, o Governo deixa os proprietários à
mercê de estratégias de industriais socialmente pouco responsáveis ou de
aventureiros.
·
Face à ausência
de ação, designadamente de planos de contenção de solos em áreas ardidas, o
Governo com certeza reagirá se, fruto de um inverno mais ou menos violentos, se
produzirem aluimentos de terras e violentas cheias. Reagirá fruto das circunstâncias
e de não ter agido. Deixa assim as populações rurais a mercê de catástrofes de
elevada probabilidade.
Exige-se assim que a ação
governativa se exerça na proteção da produção florestal, na preservação dos
recursos naturais e na salvaguarda das populações rurais.
A ACRÉSCIMO não vê quaisquer
sinais nesse sentido, os que ultrapassem o mero anúncio de milhões de euros de
fundos públicos, cujo histórico de aplicação tem deixado muito a desejar.
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