Através do diário La
Voz de Galicia, a The Navigator
Company, ex Portucel Soporcel, ameaça transferir as suas operações para
Espanha caso avancem as medidas de contenção ao caos instalado no território português.
A indústria
papeleira em Portugal não se contenta com o aumento da produção de pasta
celulósica através do aumento da produtividade unitária nas plantações de
eucalipto. Pelo contrário, exige ainda mais expansão da área de eucaliptal em
Portugal. A estratégia é óbvia, quanto mais extensa for a oferta, mesmo que de
má qualidade como é, maior a garantia que os preços a que compra a rolaria de
eucalipto aos proprietários privados tenderão a permanecer baixos. Mais ainda,
quando os governos, na ausência de intervenção regulatória, permitem que uma
procura fortemente concentrada (duopólio) imponha os preços de venda a uma
oferta extremamente pulverizada. As consequências sobram, sobretudo, para
terceiros.
Está à vista de
todos que o rendimento condiciona a gestão das plantações de eucalipto em
Portugal. A ma gestão ocorre em cerca de 80% do eucaliptal existente no país. Como
temos visto, as suas consequências fazem-se sentir sobre toda a População
(mesmo nos grandes centros urbanos ou nas regiões menos afetadas pelos
incêndios que ocorrem em floresta.
Mas, existe a possibilidade da ameaça da
indústria papeleira se tornar efetiva?
As celuloses têm
usado o seu peso nas exportações para chantagear as governações, tendo até aqui
usufruído de generosas vantagens legislativas (DL n.º 96/2013, 19 de julho),
financeiras (agora via PDR2020) e fiscais (em cerca de 100 milhões de euros, só
a Portucel Soporcel, entre 2010 e 2014).
A ameaça de
deslocalização para Espanha segue o mesmo propósito.
Todavia, a par
do “gigante português”, já um gigante mundial tentou antes penetrar em
território espanhol, concretamente na Galiza. Falhou! No caso presente, a
tendência é a mesma. O facto é que, esta iniciativa a tornar-se real colocaria
em causa os interesses da indústria espanhola, mas sobretudo, aumentaria os
riscos para as populações em Espanha.
Não há razões
que crer que em Espanha a gestão do negócio por parte da The Navigator Company fosse
diferente da praticada em Portugal. Neste contexto, a situação em Moçambique
não joga a favor da imagem da empresa.
As ameaças da indústria
papeleira visam o Poder Político em Portugal, o qual tem tido um histórico de
submissão.
Desta forma, a
ACRÈSCIMO apela aos diferentes movimentos cívicos para impedirem que a chantagem
beneficie o chantagista, já que tal aportaria crescentes riscos sociais,
ambientais e económicos para a Sociedade Portuguesa.
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