segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A ACRÉSCIMO repudia as ameaças da indústria papeleira contra as medidas de combate ao caos instalado no território

Através do diário La Voz de Galicia, a The Navigator Company, ex Portucel Soporcel, ameaça transferir as suas operações para Espanha caso avancem as medidas de contenção ao caos instalado no território português.


A indústria papeleira em Portugal não se contenta com o aumento da produção de pasta celulósica através do aumento da produtividade unitária nas plantações de eucalipto. Pelo contrário, exige ainda mais expansão da área de eucaliptal em Portugal. A estratégia é óbvia, quanto mais extensa for a oferta, mesmo que de má qualidade como é, maior a garantia que os preços a que compra a rolaria de eucalipto aos proprietários privados tenderão a permanecer baixos. Mais ainda, quando os governos, na ausência de intervenção regulatória, permitem que uma procura fortemente concentrada (duopólio) imponha os preços de venda a uma oferta extremamente pulverizada. As consequências sobram, sobretudo, para terceiros.

Está à vista de todos que o rendimento condiciona a gestão das plantações de eucalipto em Portugal. A ma gestão ocorre em cerca de 80% do eucaliptal existente no país. Como temos visto, as suas consequências fazem-se sentir sobre toda a População (mesmo nos grandes centros urbanos ou nas regiões menos afetadas pelos incêndios que ocorrem em floresta.


Mas, existe a possibilidade da ameaça da indústria papeleira se tornar efetiva?

As celuloses têm usado o seu peso nas exportações para chantagear as governações, tendo até aqui usufruído de generosas vantagens legislativas (DL n.º 96/2013, 19 de julho), financeiras (agora via PDR2020) e fiscais (em cerca de 100 milhões de euros, só a Portucel Soporcel, entre 2010 e 2014).

A ameaça de deslocalização para Espanha segue o mesmo propósito.

Todavia, a par do “gigante português”, já um gigante mundial tentou antes penetrar em território espanhol, concretamente na Galiza. Falhou! No caso presente, a tendência é a mesma. O facto é que, esta iniciativa a tornar-se real colocaria em causa os interesses da indústria espanhola, mas sobretudo, aumentaria os riscos para as populações em Espanha.

Não há razões que crer que em Espanha a gestão do negócio por parte da The Navigator Company fosse diferente da praticada em Portugal. Neste contexto, a situação em Moçambique não joga a favor da imagem da empresa.


As ameaças da indústria papeleira visam o Poder Político em Portugal, o qual tem tido um histórico de submissão.

Desta forma, a ACRÈSCIMO apela aos diferentes movimentos cívicos para impedirem que a chantagem beneficie o chantagista, já que tal aportaria crescentes riscos sociais, ambientais e económicos para a Sociedade Portuguesa.


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