As afirmações de ontem do ministro Capoulas Santos não deixam
grande margem para dúvida. Segundo o ministro, existem “outras fórmulas, hoje, que permitem uma gestão mais eficiente do que a
administração central”.
O
Pinhal de Leiria, ou Pinhal do Rei, tem sido objeto, ao longo de anos, de múltiplas
denúncias quanto à deficiente gestão a que tem vindo a ser submetido. O “emagrecimento”
sistemático dos serviços florestais do Estado, ou da autoridade florestal
nacional, tem vindo a condicionar a capacidade de intervenção dos mesmos também
na gestão das Matas Nacionais.
A
questão que importa colocar é se, ao nível da decisão politica, esse “emagrecimento”
não tem sido estratégico para potenciar situações de futura privatização, a
coberto de concessões ou de outras formas de contratualização de gestores
privados.
A este propósito e para dissipar suspeitas,
é importante que o Governo torne públicos os alegados relatórios que lhe
asseguravam que o Pinhal era submetido a uma adequada gestão.
(Foto de Helena Alexandra S.G. Sousa)
Importa
ter em conta a localização estratégica da área em causa, quer em termos de
potencial urbanístico, quer de manifesto interesse para a expansão de culturas
lenhícolas de ciclo curto, ambos mais apropriados a interesses financeiros privados,
mas de menor interesse económico a médio e longo prazo. O importante papel
ambiental do Pinhal não pode ser colocado em causa, seja na retenção das dunas
e consolidação da orla costeira, seja na proteção contra a salinidade e os
ventos marítimos.
O
Estado Português detém a menor percentagem de área florestal publica ao nível
da União Europeia (1,6%). Detém uma das menores percentagens a nível mundial.
Apesar disso, os governos e este em concreto, são incapazes, ou não pretendem,
asseguram uma adequada gestão de um património que a todos pertence.
No propósito anunciado pelo membro do
Governo, importa ainda que seja tornada pública a posição dos Partidos que
garante a atual maioria parlamentar sobre a concessão ou privatização das Matas
Nacionais e, em concreto, do emblemático Pinhal de Leiria.
Como podem os representantes do Estado
pretender intervir sobre os agentes privados se é incapaz, por decisão política,
de assegurar a gestão do património da República?
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