Sobre os incêndios florestais de 2017, sobretudo
sobre os trágicos acontecimentos em Pedrogão Grande, os discursos políticos têm
feito alusão à imprevisibilidade para a justificação dos acontecimentos. Mas,
será plausível o recurso à imprevisibilidade?
A Acréscimo
– Associação de Promoção ao Investimento Florestal propõe uma breve análise
a alguns indicadores, em leitura facilitada por gráficos, para a apreciação do
contexto da imprevisibilidade.
Com
efeito, em matéria de probabilidades, Portugal tem registado um histórico de
liderança, ao nível da região sul da Europa, no que respeita a incêndios
florestais. Atente-se ao facto de Portugal representar apenas 6% da superfície
total do conjunto destes cinco Estados.
O ano
de 2016 registou mais uma situação de clara liderança nacional no conjunto dos
cinco Estados Membros do sul da União Europeia:
No que
respeita aos incêndios florestais por ocupação florestal, depois de um domínio
em decréscimo da floresta seminatural de pinhal bravo, as plantações de
eucalipto tem vindo a assumir uma posição de destaque e em crescimento
exponencial. Em 2016 atingiu valores inimagináveis, com 40% na área ardida
total, face aos 3% registados 20 anos antes (1996). No que respeita a valores
na área ardida em povoamentos florestais, dos 13% registados em 1996 passou, em
2016, para 70%: A área de eucaliptal continua em expansão (dados RJAAR).
O domínio
das plantações da espécie exótica, em matéria de incêndios florestais, apresenta
uma tendência crescente associada à sua expansão pelo território nacional. Tal
ocorre a nível da área ardida total (matos, povoamentos florestais e espaços
agrícolas), mas, sobretudo, ao nível do que se considera área ardida em
povoamentos florestais.
Estes
dados são do conhecimento dos responsáveis políticos nacionais! Fará sentido o
recurso à imprevisibilidade para justificar catástrofes associadas a incêndios
florestais em Portugal, sobretudo nas áreas de maior risco? As trovoadas fazem
parte das causas naturais, responsáveis por 5% das ocorrências.
Não podemos mais permitir que a irresponsabilidade
se justifique com uma falsa imprevisibilidade.
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