Em janeiro
último a Acréscimo recolocou ao Ministério da Agricultura um conjunto de
questões, antes colocadas em 2013. A recolocação tem por base uma anunciada
reprogramação do Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020, inserindo-se
concretamente no que respeita às medidas florestais do Programa. Com as
questões colocadas, a Acréscimo não pretende contribuir para limitar o
financiamento público às florestas, em termos de quantidade, mas sim repensar a
qualidade da oferta financeira, ou seja dos modelos que têm estado na base do
financiamento pela Sociedade a este importante sector da atividade económica
nacional, com forte impacto social e ambiental.
- Em termos genéricos:
1 –
Estão disponíveis estudos de avaliação de desempenho, por Quadro Comunitário de
Apoio (QCA), ao longo dos últimos 30 anos de Política Agrícola Comum (PAC) nas
florestas em Portugal, que tenham servido de suporte à programação do PDR 2020?
2 -
Na sequência dos fundos públicos investidos nas florestas portuguesas, qual o
retorno registado para a Sociedade, quer em termos económicos, mas também nos
planos social e ambiental?
3 –
Quais os impactos dos fundos da PAC ao nível dos principais riscos que se têm
colocado às florestas em Portugal, concretamente no que respeita à propagação
dos incêndios florestais, mas também à proliferação de pragas e de doenças?
4 -
Quais os impactos dos fundos da PAC ao nível dos números expressos nas Contas
Económicas da Silvicultura, publicadas pelo INE? Como explica o Ministério da
Agricultura e Mar o declínio progressivo do peso do Valor Acrescentado Bruto
(VAB) da silvicultura no VAB nacional registado nas últimas décadas?
5 – Qual
a explicação para a forte redução do emprego no setor florestal, de mais de 160
mil postos de trabalho, apesar do forte investimento público nas florestas ao
longo dos últimos anos?
6 –
Como explica o Ministério da Agricultura a desflorestação ocorrida no País
desde 1990, em mais de 10 mil hectares por ano e em contraciclo com a União
Europeia, isto apesar dos significativos apoios da PAC às florestas em
Portugal?
- Em termos específicos:
7 –
Nos apoios atribuídos desde a Adesão, quais as áreas por espécie florestal, por
região NUT II e por QCA, que resultaram dos investimentos cofinanciados no
âmbito da PAC?
8 -
Houve interseção de áreas objeto de cofinanciamento público entre os diferentes
QCA, ou seja, houve áreas intervencionadas por mais do que uma vez e para o
mesmo tipo de investimento (florestação-incêndio-reflorestação)? No caso das
interseções, quais as áreas envolvidas e os montantes financeiros envolvidos?
9 –
Face aos montantes investidos pelos fundos públicos em pinheiro bravo, como se
explica a regressão de área desta espécie em Portugal nas últimas décadas (aprox.
400.000 hectares)?
10 -
Face aos montantes investidos pelos fundos públicos em sobreiro, como se
explica a contração de área desta espécie em Portugal ao fim destes 30 anos? E
a perda de qualidade da cortiça neste mesmo período? E o declínio progressivo
do montado?
- Quanto ao futuro:
11 –
Como foi mensurado (se o foi) o retorno económico, social e ambiental esperado
no apoio público às florestas inscrito no PDR 2020, a suportar por fundos da
PAC e do Orçamento do Estado entre 2014 e 2020?
12 –
Face às crescentes preocupações decorrentes das Alterações Climáticas,
manifestadas desde longa data quer a nível nacional quer internacional, mais
recentemente no quadro das próprias Nações Unidas, qual o impacto do PDR 2020
na mitigação dos impactos negativos do aumento de riscos daí decorrentes,
designadamente ao nível dos incêndios florestais e da desertificação?
A Acréscimo demonstra ainda a
sua preocupação por, ao contrário do que seria de esperar em projetos de
investimento, as ações que têm sido submetidas e validadas para financiamento
público no âmbito dos Programas que antecederam o PDR 2020, não foram objeto,
no processo decisório, de avaliação financeira, nem comercial, embora a
esmagadora maioria fosse enquadrada para a produção de bens e de serviços para
os mercados.
Desde 1989, os programas de
apoio às florestas em Portugal, enquadrados na Politica Agrícola Comum, geraram
resultados antagónicos aos objetivos traçados.
Desde 1990, Portugal perdeu
254 mil hectares de floresta, as espécies florestais que mais viram contrair a
sua área de ocupação foram simultaneamente as que mais foram objeto de apoio
financeiro público.
Quais os resultados que se perspetivam
para o PDR 2020?
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