De acordo com a proposta de atualização da Estratégia Nacional
para as Florestas (ENF), em auscultação pública até 30 de maio próximo, o Ministério
da Agricultura e Mar perspetiva a criação e dinamização, ainda em 2014, de uma
plataforma de acompanhamento das relações nas fileiras florestais.
O acompanhamento das relações comerciais nas fileiras florestais
tem sido uma reivindicação sistemática da Acréscimo desde 2012. Esta associação
considera este um dos instrumentos decisivos para revitalizar o investimento nas
florestas, mas, mais importante ainda, para assegurar à Sociedade que tal
investimento vai aportar retorno económico, social e ambiental, ao invés dos problemas
de abandono da gestão e suas consequências ao nível da propagação dos incêndios
e da proliferação de pragas e de doenças, como infelizmente se tem verificado nas
últimas décadas e até aos nossos dias.
Congratula-se assim a Acréscimo caso esta plataforma venha a ser
um facto ainda em 2014, lamentando contudo o tempo perdido e tendo consciência da
fragilidade histórica na concretização dos objetivos e metas da ENF ou de outras
medidas estratégias que a precederam.
No que à plataforma respeita, a definição da sua constituição será
essencial para a garantia da transparência da sua atuação. Importa assim que,
para além dos atores setoriais estejam representados os consumidores e
entidades cívicas, reconhecido que é o papel decisivo dos cidadãos na assunção dos
encargos económicos, sociais e ambientais decorrentes do mau funcionamento dos mercados
de bens e serviços de base florestal, concretamente das suas consequências catastróficas
A Acréscimo aproveita a vontade expressa pelo Ministério
relativamente à plataforma, para reforçar outros dois instrumentos fundamentais
para a revitalização do investimento florestal, estes com estreita ligação aos
apoios públicos que venham a ser disponibilizados no âmbito do Programa de
Desenvolvimento Rural para 2014 a 2020 (ver PER):
- O reforço ao nível da pesquisa (investigação aplicada e de
quantificação e qualificação das externalidades); e,
- A criação de um serviço de extensão florestal, baseado
fundamentalmente em estruturas privadas, de cariz associativo ou cooperativo, e
nas autarquias.
A criação de condições para a revitalização do investimento
florestal, economicamente sustentado, ambientalmente sustentável e socialmente
responsável, é essencial para assegurar uma urgente alteração da trajetória de
declínio das florestas em Portugal, mais ainda face ao impacto previsível nas
florestas portuguesas das alterações climáticas. Relembra-se que a atual trajetória
tem induzido ao abandono da gestão florestal, à perda de peso económico e
social das florestas e do setor florestal na economia nacional, e inclusive à
desflorestação (o País tinha em 2010 menos 160 mil hectares de floresta do que
possuía em 1995).
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