Nos vários anúncios que a ministra da Agricultura tem vindo a
fazer sobre os apoios públicos às Florestas no quadro 2014/2020, fica sempre a
dúvida sobre os objetivos que a norteiam.
- Pretenderá a ministra resolver os vários problemas existentes,
apelando ao financiamento da Sociedade para esse fim?
- Ou, numa tentativa de continuar a mascarar a situação, pretende
apenas colocar dinheiro público sobre os problemas?
Noutros termos: Vai investir na tentativa
de cura, ou persistirá no receituário de paliativos?
A ministra anuncia para 2014/2020 apoios mais direcionados aos
pequenos proprietários florestais, alegando que a baixa execução registada no
PRODER 2007/2013 se deveu ao facto de serem exigidas áreas mínimas de 25
hectares para o financiamento público ao investimento florestal privado. Consideramos
contudo que a ministra está desfasada da realidade. Uma área mínima de 25
hectares permite potenciar o agrupamento de intenções de investimento, o que aliás
é um seu desejo e permitiria, se houvesse garantias de gestão desse investimento,
partilhar recursos e diminuir os riscos, quer para os investidores privados,
quer para os financiadores, a Sociedade.
Todavia, a baixa execução do PRODER 2007/2013 está mais
relacionada com o decréscimo abrupto das taxas de financiamento público. Estas
taxas, em programas anteriores ao PRODER chegaram a atingir, em áreas privadas,
os 90% de apoio. No PRODER 2007/2013, sem a criação de instrumentos de recurso,
estas taxas desceram para a ordem dos 50-60%.
A ministra anunciou já a possibilidade de apoio a investimentos em
áreas de 1 hectare, mas nada referiu sobre as taxas de apoio a disponibilizar,
nem da criação de instrumentos de recurso caso as taxas, a negociar com a
Comissão Europeia, venham a ser similares às do PRODER 2007/2013.
Igualmente, esteve na origem da baixa execução do PRODER
2007/2013, a carga burocrática associada às intenções de investimento com
financiamento público. Entre elas estão os decorrentes do facto do Estado ter
sido incapaz de concluir e atualizar o cadastro rústico. Problema sobre o qual
ainda não existe um cronograma para a sua ultrapassagem.
Os resultados dos últimos 30 anos de apoio às florestas pela
Sociedade, pelos contribuintes europeus e nacionais, não só não evidenciam ter resolvido
qualquer problema nas florestas (propriamente ditas), nem sequer mitigaram qualquer
problema essencial, nomeadamente os que se relacionam com a diminuição dos riscos
deste tipo de investimento (incêndios, pragas e doenças).
Numa análise sumária de resultados, não ficam visíveis retornos
económicos, nem sociais ou ambientais dos apoios disponibilizados pela Sociedade
ás florestas em Portugal.
A Acréscimo defende como essencial, para assegurar o retorno à Sociedade
nos apoios públicos atribuídos às florestas, que tais apoios se enquadrem num
plano integrado assente em três pilares: Pesquisa, Extensão e Regulação. Desta
forma, disponibiliza-se para dar o seu contributo, não só para conferir
garantias de retorno dos esforços da Sociedade nos apoios públicos às
florestas, mas também para que sejam ultrapassadas as inconsistências que hoje
dominam a Estratégia Nacional para as Florestas, instrumento essencial para
assegurar um bom desempenho da aplicação dos fundos públicos europeus e nacionais.
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