Fora do período estival, associado aos incêndios rurais, é a
ocasião adequada à análise da política florestal em Portugal, componente
fundamental para a definição de adequadas estratégias para o Desenvolvimento
Rural e, desta forma, à implementação de incentivos a um investimento florestal
sustentado e sustentável.
Todavia, na análise às medidas de política florestal assumidas nos
últimos anos, não se tem vislumbrado essa associação ao desenvolvimento rural
sustentado (do ponto de vista social e económico) e sustentável (do ponto de
vista ambiental).
Independentemente dos quadrantes políticos que assumiram a
governação do País, é visível uma mesma postura no que respeita às medidas políticas
para o setor florestal.
Em 2006, lia-se no jornal Público, na sua edição de 23 de
fevereiro:
“A empresa
"vai ainda beneficiar de uma nova política florestal", que está a ser
preparada de acordo com as pretensões do patrão da Portucel, no que respeita à
prevenção de incêndios e plantação de eucaliptos em terrenos baldios.
Esta nova política... será anunciada "em breve" pelo Ministério da Agricultura.”
Mais recentemente, em maio de 2012, na edição de dia 15 do Jornal
I, era expressa uma manifestação pública de interesses por parte do mesmo grupo
empresarial.
Coincidentemente, o Ministério da Agricultura, como medida
primeira da sua estratégia política, anuncia nesse preciso mês a revisão da
regulamentação às ações de florestação com espécies de crescimento rápido. Com
o texto aprovado no Decreto-lei n.º 96/2013, de 19 de julho, independentemente
do resultado parecer ter ficado aquém das expectativas iniciais do grupo
empresarial citado, especial beneficiário da versão inicial da revisão
legislativa, o facto é que o Governo, pelo Ministério da Agricultura, assumiu novamente
uma postura política de protecionismo, tal como em 2006.
Na edição de 24 de junho do Expresso é disso dado nota pela
Acréscimo.
As estratégias governativas para as florestas (ou a sua não
existência), tem convivido com o declínio progressivo da atividade florestal.
A par das estatísticas económicas assiste-se ao ciclo anual de
incêndios, interiorizado em Estratégia Nacional, que vai fragilizando progressivamente
os espaços rurais portugueses. Em 2012 foi ultrapassado em cerca de 50% a meta
estratégica média de 100.000 hectares ardidos. As futuras florestações, sem
garantias de subsequente gestão florestal, irão contribuir para a manutenção
deste ciclo assumido.
Curioso que este blogue dirija quase todos os comentários a uma única entidade. Porque será? Estranho.... ou não...
ResponderEliminarParecem-nos estar referenciadas duas entidades na publicação em referência. A qual se estará a referir? Em todo o caso, estamos em crer não haver motivos de estranheza, já que as referências são assumidas e efectuadas convictamente e sem fins lucrativos.
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