Anteriormente apresentado à ex-ministra
Assunção Cristas, desde 2013, já em 2016, no decurso do anúncio de uma
reprogramação do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), a Acréscimo
voltou a suscitar, agora ao ministro Capoulas Santos, um conjunto de questões
relativas ao histórico dos apoios da Política Agrícola Comum (PAC) às florestas
em Portugal.
Não
que desta forma pretenda contribuir para limitar o financiamento publico às
florestas, em termos de quantidade, mas sim repensar a qualidade da oferta, ou
seja dos modelos que têm estado na base do financiamento pela Sociedade a este
importante sector da atividade económica nacional.
De notar que, até ao momento, não recebeu
qualquer resposta.
Estranha-se
o facto, porquanto está anunciada a disponibilização de mais 500 milhões de
euros para as florestas, todavia desconhece um diagnóstico relativo aos
resultados de programas anteriores, desde o PEDAP em 1989 ao PRODER em 2013. Contudo,
estão disponíveis os dados do Eurostat que confirmam uma situação de
desflorestação em Portugal, a ocorrer desde 1990, em área superior a 250 mil
hectares, a um ritmo médio anual de 10 mil hectares (a área da cidade de Lisboa
a cada ano que passa).
As questões, sem resposta, são as
seguintes:
- Em termos genéricos:
1 – Estão disponíveis estudos de avaliação de
desempenho, por Quadro Comunitário de Apoio (QCA), ao longo dos últimos 30 anos
de Política Agrícola Comum (PAC) nas florestas em Portugal, que tenham servido
de suporte à (re)programação do PDR 2020?
2 - Na sequência dos fundos públicos investidos nas
florestas portuguesas, qual o retorno registado para a Sociedade, quer em
termos económicos, mas também nos planos social e ambiental?
3 – Quais os impactos dos fundos da PAC ao nível dos
principais riscos que se têm colocado às florestas em Portugal, concretamente
no que respeita à propagação dos incêndios florestais, mas também à
proliferação de pragas e de doenças?
4 - Quais os impactos dos fundos da PAC ao nível dos
números expressos nas Contas Económicas da Silvicultura, publicadas pelo INE?
Como explica o Ministério da Agricultura e Mar o declínio progressivo do peso
do Valor Acrescentado Bruto (VAB) da silvicultura no VAB nacional registado nas
últimas décadas?
5 – Qual
a explicação para a forte redução do emprego no setor florestal, de milhares de
postos de trabalho, apesar do forte investimento público nas florestas ao longo
dos 30 últimos anos?
6 – Como explica o Ministério da Agricultura a
desflorestação ocorrida no País desde 1990, em mais de 10 mil hectares por ano
e em contraciclo com a União Europeia, isto apesar dos significativos apoios da
PAC às florestas em Portugal?
- Em termos específicos:
7 – Nos apoios atribuídos desde a Adesão, quais as áreas
por espécie florestal, por região NUT II e por QCA, que resultaram dos
investimentos cofinanciados no âmbito da PAC?
8 - Houve interseção de áreas objeto de cofinanciamento
público entre os diferentes QCA, ou seja, houve áreas intervencionadas por mais
do que uma vez e para o mesmo tipo de investimento
(florestação-incêndio-reflorestação)? No caso das interseções, quais as áreas
envolvidas e os montantes financeiros envolvidos?
9 – Face aos montantes investidos pelos fundos públicos
em pinheiro bravo, como se explica a regressão de área desta espécie em
Portugal nas últimas décadas?
10 - Face aos montantes investidos pelos fundos públicos
em sobreiro, como se explica a perda de qualidade da cortiça neste mesmo
período? E o declínio progressivo do montado?
- Quanto ao futuro:
11 – Como foi mensurado (se o foi) o retorno económico,
social e ambiental esperado no apoio público às florestas inscrito no PDR 2020,
a suportar por fundos da PAC e do Orçamento do Estado, entre 2014 e 2020?
12 – Face às crescentes preocupações decorrentes das
Alterações Climáticas, manifestadas desde longa data quer a nível nacional quer
internacional, mais recentemente no quadro das próprias Nações Unidas, qual o
impacto do PDR 2020 na mitigação dos impactos negativos do aumento de riscos
daí decorrentes, designadamente ao nível dos incêndios florestais e da
desertificação?
Importa por último reforçar o facto de,
nas três espécies florestais objeto de maior apoio público (pinheiro bravo,
sobreiro e azinheira), as mesmas terem visto contrair ou apenas manter a sua
área de ocupação em Portugal. O decréscimo global em área, no conjunto da área
total ocupada por estas três espécies, ronda os 300 mil hectares, registados apenas
entre 1995 e 2010.
Face à ausência de respostas, a Acréscimo
manifesta a sua intenção de endereçar o mesmo conjunto de questões ao Tribunal
de Contas Europeu.
Importar conhecer se há e qual o peso de
um eventual “contributo” da PAC para os incêndios florestais em Portugal.
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