Recentemente, o Grupo Portucel Soporcel, através de uma empresa de
Comunicação, fez transparecer o seu peso na economia nacional.
Em 2013, em referência a dados disponibilizados pelo INE, o grupo informa
representar 1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O Grupo foi no ano
transato o 2.º maior exportador nacional em valor bruto, com um peso de cerca
de 3% das exportações nacionais de bens. O conjunto das fileiras
silvo-industriais nacionais assegura cerca de 10% das exportações nacionais.
Atualmente, pouco mais de 3% das exportações nacionais, em valor
bruto, em pasta celulósica e em papel, menos de 1/3 das exportações nacionais
de base florestal, dispõem da 5.ª maior área de eucaliptal do mundo, ou seja,
de uma área superior à existente na Austrália, região de origem da espécie,
ficando abaixo da Índia (8.005 mil hectares), do Brasil (3.407 mil hectares),
da China (1.134 mil hectares) e (talvez ainda) da Espanha (931 mil hectares, em
2006).
Tendo em conta os dados históricos do Inventário Florestal
Nacional, a área nacional de eucalipto mais do que duplicou (110,4%) desde a
adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia. Segundo o Instituto
de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), só entre 1995 e 2010 esse
aumento foi de 13%.
Apesar do aumento significativo em área nos últimos 30 anos, a
produtividade média dos eucaliptais nacionais regista atualmente um valor já
identificado em 1928.
Temos assim que a estratégia das empresas deste setor e do próprio
País assenta numa aposta em quantidade (massificação em área), não em
qualidade (produtividade por área).
.
Mas, tem sido esta aposta do País coerente com o interesse
nacional?
Curiosamente, enquanto se tem vindo a efetivar esta aposta, da
produção em quantidade de rolaria para trituração pela indústria de pasta e
papel, entre 1990 e 2010, o peso do Valor Acrescentado Bruto (VAB) da
silvicultura no VAB nacional, de acordo também com os dados do INE – Contas
Económicas da Silvicultura, registou um declínio progressivo de 67%. O seja,
registou-se um decréscimo acentuado da economia florestal (atividade produtiva,
comércio de madeiras e prestação de serviços á produção).
Só entre 2000 e 2010, agora ao nível das fileiras
silvo-industriais, foi registado um declínio de 40% no peso do setor florestal
ao nível do Produto Interno Bruto (este já de si em declínio na década em
causa). Curiosamente, o decréscimo do peso no PIB foi muito mais acentuado ao
nível da indústria, do que na silvicultura.
Também no emprego no setor, o declínio é evidente, sobretudo ao
nível da indústria.
Grosso modo, sem aprofundar as relações de interdependência, cresce
o peso do Grupo Portucel Soporcel na economia nacional, aumenta a área de
eucaliptal em Portugal, decresce o peso económico e social da floresta
portuguesa, bem como o peso do setor florestal português (floresta +
indústrias de base florestal).
Sem comentários:
Enviar um comentário