Na sequência da sessão extraordinária do
Conselho de Ministros de 21 de outubro último, o Governo anunciou o apoio à
constituição de 100 novas equipas de sapadores florestais, possibilitando a
contratação, por entidades públicas e privadas, de 500 novos sapadores.
Todavia, em quase dois anos, o Governo mostra-se incapaz de resolver problemas
crónicos associados ao funcionamento das existentes.
Apesar dos consumidores de combustíveis
líquidos contribuírem imediatamente, no ato de abastecimento das suas viaturas,
para o Fundo Florestal Permanente, os atrasos nos pagamentos decorrentes deste
fundo às entidades com quem o Estado protocolou o apoio ao funcionamento de
equipas de sapadores florestais chegam a ultrapassar os 180 dias.
Apesar do serviço público a que as entidades
que possuem equipas de sapadores florestais estão obrigadas, o Estado não
efetua o pagamento dos adicionais correspondentes ao trabalho destas equipas em
horas extraordinárias, feriados e fins de semana. Ou seja, são as entidades
associativas que tem vindo a suportar estes custos. Reforça-se, tal acontece em
período de serviço público determinado pelo Instituto de Conservação da
Natureza e das Florestas (ICNF).
Este ano, a situação está a tornar-se caricata. Depois de
um verão extremamente atípico, em que as equipas de sapadores esgotaram todos
os dias de serviços publico previstos para as ações de vigilância, voltam a
estar em causa, por parte do Estado, os pagamentos decorrentes deste serviço.
Enquanto o esforço era necessário, o ICNF foi dando
indicações para as equipas de sapadores estarem operacionais 8 dias por semana.
Todavia, passado o período crítico, vem agora esse Instituto procurar
subterfúgios para não pagar pelo serviço público prestado. Ou seja, quando uma
equipa, constituída por 5 operacionais, tem que estar operacional durante dias seguidos
de risco máximo (que neste verão foram quase todos!!!), se não houver uma
escala, como se pode assegurar uma intervenção em permanência? Parece que este
ano, contrariamente aos anteriores 20, a equipa tinha sempre que estar, em
permanência, com os 5 operacionais. Repete-se, durante os últimos 20 anos existiu
uma regra de escalas. Essa regra foi inclusive proposta no passado pela própria
autoridade florestal. Mas, este ano, ao que agora consta, a equipa afinal tinha
que estar sempre completa. Ou seja, com base nesta determinação, de última
hora, os pagamentos às entidades que possuem equipas de sapadores florestais serão
alvo de penalizações. Esta situação é indigna e imoral! Desacredita o Estado.
Há que relembrar que, de forma altruísta, as equipas de
sapadores florestais têm vindo a dar um inestimável contributo, muitas vezes em
prejuízo das suas vidas familiares e do descanso merecido, indo para além do
exigível, para ajudar as populações, os bombeiros e, em ultima instancia, defender
um bem de interesse público, a floresta.
Tal como a Acréscimo tem vindo a denunciar, é fácil ao Governo produzir
anúncios, difícil é levá-los a uma eficaz e eficiente concretização. Neste caso
em concreto, do programa de sapadores florestais, a Sociedade dá, de antemão, o
seu contributo financeiro, através do pagamento de uma taxa sobre os
combustíveis líquidos.
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