Na sequência do comunicado de ontem, emitido
pela QUERCUS e pela ACRÉSCIMO, sobre a expansão legal de quase 10 mil hectares
de plantações de eucalipto em Portugal, ocorrida desde outubro de 2013, o
ministro da Agricultura, das Florestas e do Desenvolvimento Rural veio
argumentar que a mesma, ao longo do ano de 2016 e do primeiro semestre de 2017,
é da responsabilidade do anterior Governo.
Será?
O ministro em reação ao
comunicado da QUERCUS e da ACRÉSCIMO, baseado em dados do ICNF, argumentou que,
no âmbito do Programa do Governo, foi apresentada no Parlamento, em abril de
2017, uma proposta de alteração à “lei que liberaliza a plantação de
eucaliptos”.
Pergunta-se: Qual o motivo
para o ter feito apenas em abril de 2017 quando, no próprio Parlamento, o
ministro havia anunciado, a 19 de janeiro de 2016, que a proposta de
alteração ao Decreto-lei n.º 96/2013, de 19 de julho, estava praticamente concluída?
Pergunta-se ainda:
Tratando-se de uma alteração a um Decreto-lei, em cumprimento ao acordo de
compromisso assumido com o PEV, qual o motivo para o Governo ter colocado o
problema ao Parlamento e não o ter assumido, ainda no primeiro semestre de
2016, por decisão do Conselho de Ministros?
As questões finais: Qual o
motivo para a Lei n.º 77/2017, de 17 de agosto, resultante da proposta
do Governo de abril de 2017, não ter entrado em vigor aquando da sua
publicação, ou nos 30 dias após a mesma? Qual a razão para a entrada em vigor ocorrer só após 180 dias, ou seja, já em fevereiro de 2018? Terá sido para
viabilizar mais duas campanhas de plantação?
Em conclusão.
Não é difícil constatar que o ministro
Capoulas Santos, por motivos que só ele poderá esclarecer, tem andado a encanar
a perna à rã, com um travão frouxo à expansão das plantações de eucalipto em
Portugal. Importa, contudo, ter presente os riscos sociais, ambientais e
económicos desta irresponsabilidade politica. Anote-se o impacto crescente desta
espécie exótica nos incêndios em Portugal e o peso que teve no incêndio de
Pedrogão Grande.
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