O Ministério da Agricultura, através do
secretário de Estado das Florestas, anunciou a disponibilização de 540 milhões
de euros para apoio ao investimento florestal no período entre 2014 e 2020.
Este apoio integrará o novo Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020).
O anúncio da disponibilização de centenas de
milhões de euros às florestas é recorrente.
Começou com o PEDAP (de 1986 a 1992),
continuou com o PAMAF (de 1993 a 1999), repetiu-se no AGRO (de 2000 a 2006) e persistiu
no PRODER (entre 2007 e 2013).
Todavia, importa ter em conta o que o
Ministério não anuncia. Ou seja:
1 – A elaboração do PDR 2020 (com os 540 M€) teve em conta os resultados de estudos,
técnicos e económicos, de avaliação do desempenho dos apoios públicos concedidos
às florestas portuguesas ao longo dos últimos 28 anos? Onde estão disponíveis
esses estudos?
2 - Qual o retorno apurado para a Sociedade, quer em termos
económicos, mas também nos planos social e ambiental, proveniente dos fundos
públicos investidos nas florestas nestes últimos 28 anos?
3 – Quais os impactos destes fundos públicos ao nível dos principais riscos
que se têm colocado às florestas em Portugal nos últimos 28 anos, concretamente
no que respeita aos incêndios florestais, mas também às pragas e
às doenças?
4 - Quais os impactos dos fundos públicos ao nível das Contas
Económicas da Silvicultura, publicadas pelo INE? Como explica o Ministério
da Agricultura o declínio progressivo do peso do Valor Acrescentado Bruto (VAB)
da silvicultura no VAB nacional, de 1,2% em 1990 para 0,5% em 2012?
5 – Apesar dos apoios concedidos às florestas e ao setor florestal, qual a
explicação para a forte redução do emprego no setor florestal, de mais
de 160 mil postos de trabalho, ao longo destes últimos 28 anos?
6 – Apesar dos significativos apoios públicos às florestas em Portugal, como
explica o Ministério da Agricultura a desflorestação (perda de área
florestal) ocorrida no País nos últimos 28 anos, de mais de 150 mil hectares e
em contraciclo com a União Europeia?
Por último, sabe-se que a execução
física destes apoios fica muito aquém dos milhões anunciados (de 36,7% no
PRODER). Quais as expetativas para o PDR 2020? O que e porque será diferente até
2020?
Anunciar milhões de euros é fácil,
difícil é explicar as consequências daí resultantes.
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