Na sequência do comunicado
da Acréscimo à Imprensa de 23 de julho último, em que era feita alusão às
dúvidas sobre a potencial manipulação em negócios de certificação florestal,
esta associação recebeu mensagem dirigida à sua direção, por parte de uma
entidade certificadora, com esclarecimentos que suscitaram ainda mais dúvidas.
A Acréscimo, Associação de Promoção ao
Investimento Florestal, tem solicitado a visita a áreas florestais
certificadas, onde tenham sido aplicados resíduos industriais, provenientes de
unidades fabris de produção de pasta celulósica.
Para o efeito, de acordo com a cronologia
constante na nota de 23 de julho, foram estabelecidos contatos com a Portucel
Soporcel Florestal, entidade certificada e gestora das áreas florestais em
causa, com a Sativa, Controlo e Certificação de Produtos, entidade
certificadora, com o FSC (Forest
Stewardship Council) e o PEFC (Programme
for the Endorsement of Forest Certification), entidades gestoras dos
sistemas de certificação reconhecidos em Portugal pelo Instituto de Conservação
da Natureza e das Florestas (ICNF), e com o representante nacional do FSC, a
Associação para uma Gestão Florestal Responsável (AGFR). Estes contatos ou não
foram retribuídos, ou os resultados obtidos foram inconclusivos.
Na mensagem recebida após 23 de julho, foi
mencionado ter-se procedido a nova auditoria à Portucel Soporcel Florestal, a
última havia sido realizada no final de 2013, sendo que desta vez, ao contrário
do ocorrido em 2013, foram realizadas visitas de campo a áreas onde foram
aplicados resíduos industriais. Não foi mencionado se em áreas sugeridas pela
Acréscimo ou outras, nem a metodologia de evidenciação usada. Mais, foi
mencionado que na visita participaram dois “especialistas reconhecidamente
competentes” para o efeito. Quem, da empresa, do laboratório integrado no grupo
Portucel Soporcel, de entidades protocoladas com este grupo empresarial, ou especialistas
independentes? Por último, foi mencionado que os resultados constarão em
relatório público, todavia ainda indisponível. Importa alertar para a elevada dificuldade
da leitura dos relatórios públicos apresentados no sítio respetivo do FSC.
A esta situação acrescem as dúvidas sobre as
ações oficiais de fiscalização, da responsabilidade dos Ministérios do Ambiente
e da Agricultura. Sobre as responsabilidades do Ministério do Ambiente, importa
ter em conta as preocupações tornadas públicas pela Quercus
sobre valorização de lamas de ETAR. Quanto ao Ministério da Agricultura, por
várias vezes esta associação teve acesso a pedidos de esclarecimento de entidades
terceiras em que, nas respostas, o Ministério se limitou a argumentar que
existe um “código da estrada”, as empresas envolvidas têm “carta de condução”,
mas nada referia sobre se respeitam ou não os “limites de velocidade”. Em
causa pode estar a Saúde Pública.
Nesta situação, a Acréscimo, Associação de
Promoção ao Investimento Florestal, volta a insistir na necessidade de tornar
públicos os estudos científicos independentes e de âmbito nacional sobre a
aplicação de resíduos industriais em ecossistemas florestais, bem como na
necessidade de maior transparência sobre esta temática, quer da parte das
autoridades, quer dos sistemas de certificação florestal. Estamos prontos para
visitas de campo.
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