Muitos
são os que têm defendido a aplicação de sanções, designadamente de natureza
fiscal, sobre os proprietários florestais ditos absentistas, escusando-se a
interrogar sobre o que pode motivar esse absentismo.
- Não será essa atitude absentista, ou a prática de uma não gestão, uma consequência das fracas ou nulas expectativas financeiras desses proprietários sobre os bens ou os serviços de que podem usufruir nas suas propriedades?
- Afinal de contas, faz sentido investir nas florestas com os atuais riscos de investimento e com a flutuação de preços, estabelecidos pela indústria?
- Faz sentido investir nas florestas na ausência quase total de serviços de extensão florestal, de aconselhamento sobre a condução técnica e financeira desse investimento?
- Não
será estratégica a aposta, por parte do Estado, na criação de novos
mercados, designadamente para os serviços ambientais, e na garantia de
transparência dos mercados de bens existentes?
Face
à concentração empresarial existente no setor florestal em Portugal, nas três principais
fileiras silvo-industriais, importa garantir a transparência dos mercados,
tendo em vista uma adequada e justa formação dos preços, evitando potenciais
fenómenos de cartelização ou uma desajustada supremacia de uma das partes face à
produção florestal. Este é um fator determinante para criar e assegurar
expectativas de renda aos proprietários florestais e assim fomentar uma gestão
ativa nas suas explorações.
Importa
assim que seja considerada pelo Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente
e do Ordenamento do Território (MAMAO), a par do que já ocorre no setor
agroalimentar, a criação de uma plataforma de acompanhamento
das relações da cadeia silvo-industrial.
Uma
política de preços equilibrada, associada a programas de investigação e de
extensão, integrados em lógicas de fileira, assegurarão o crescimento do
investimento florestal em Portugal, seja em novas arborizações, mas sobretudo
na consolidação das atuais florestas, concretamente através da sua gestão, que
se quer profissional e sustentável, minimizando os impactos catastróficos dos
incêndios florestais e das pragas e doenças.
Se
forem criadas expectativas de segurança e de rentabilidade fiável, quer na
produção de bens, mas também na prestação de serviços ambientais em áreas
florestais, seguramente os proprietários florestais serão os primeiros a adotar
uma gestão sustentável nas suas explorações.
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