segunda-feira, 2 de julho de 2012

As Relações na Cadeia Silvo-Industrial


Muitos são os que têm defendido a aplicação de sanções, designadamente de natureza fiscal, sobre os proprietários florestais ditos absentistas, escusando-se a interrogar sobre o que pode motivar esse absentismo.

  • Não será essa atitude absentista, ou a prática de uma não gestão, uma consequência das fracas ou nulas expectativas financeiras desses proprietários sobre os bens ou os serviços de que podem usufruir nas suas propriedades?
  • Afinal de contas, faz sentido investir nas florestas com os atuais riscos de investimento e com a flutuação de preços, estabelecidos pela indústria?
  • Faz sentido investir nas florestas na ausência quase total de serviços de extensão florestal, de aconselhamento sobre a condução técnica e financeira desse investimento?
  • Não será estratégica a aposta, por parte do Estado, na criação de novos mercados, designadamente para os serviços ambientais, e na garantia de transparência dos mercados de bens existentes?
Face à concentração empresarial existente no setor florestal em Portugal, nas três principais fileiras silvo-industriais, importa garantir a transparência dos mercados, tendo em vista uma adequada e justa formação dos preços, evitando potenciais fenómenos de cartelização ou uma desajustada supremacia de uma das partes face à produção florestal. Este é um fator determinante para criar e assegurar expectativas de renda aos proprietários florestais e assim fomentar uma gestão ativa nas suas explorações.

Importa assim que seja considerada pelo Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAO), a par do que já ocorre no setor agroalimentar, a criação de uma plataforma de acompanhamento das relações da cadeia silvo-industrial.

Uma política de preços equilibrada, associada a programas de investigação e de extensão, integrados em lógicas de fileira, assegurarão o crescimento do investimento florestal em Portugal, seja em novas arborizações, mas sobretudo na consolidação das atuais florestas, concretamente através da sua gestão, que se quer profissional e sustentável, minimizando os impactos catastróficos dos incêndios florestais e das pragas e doenças.

Se forem criadas expectativas de segurança e de rentabilidade fiável, quer na produção de bens, mas também na prestação de serviços ambientais em áreas florestais, seguramente os proprietários florestais serão os primeiros a adotar uma gestão sustentável nas suas explorações.

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