As estimativas
do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS) não deixam
margem para dúvidas. Em 2018, até ao presente, Portugal é o país da União
Europeia a registar maior área ardida decorrente de incêndios rurais.
Com uma
estimativa de 32.392 hectares ardidos, registada no Sistema até ao momento,
Portugal assume, mais uma vez, o topo da lista na União Europeia, logo seguido
pela Suécia, com 21.602 hectares estimados (abaixo da área registada no
incêndio de Monchique), e do Reino Unido, com 17.906 hectares. Se os casos da
Suécia e do Reino Unido surpreendem, o mesmo não se pode argumentar relativamente
a Portugal.
Efetivamente,
na média da década (2008/2017) Portugal ocupa o topo da lista de Estados
Membros em área ardida. Com um registo médio anual de 94.249 hectares, Portugal
é seguido pela Espanha, com 57.115 hectares, e por Itália, com 42.560 hectares.
Na análise destes dados, importa ter em conta a superfície total de cada um dos
países, bem como da área florestal registada em cada um deles.
Com
efeito, apesar das condições meteorológicas favoráveis a um registo mais baixo em
área ardida no presente ano (até ao momento), o facto é que nem este fator
retira Portugal do lugar cimeiro ao nível da União Europeia. Esta circunstância
deve levar a repensar todo o sistema de planeamento e ordenamento do
território, os modelos de distribuição da riqueza ao longo das cadeias
produtivas com base em meio rural, a coerência das medidas de política agrária
e de desenvolvimento regional, a parafernália de entidades envolvidas na defesa
contra incêndios.
Existe uma circunstância que parece clara.
Com o nível de risco que o território português evidencia, dificilmente
existirá sucesso no combate ao despovoamento, à desflorestação e à
desertificação. As alterações climáticas irão acelerar o declínio.
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