Na Mata Nacional de Leiria, um ano após o incêndio de outubro de 2017, são ainda evidentes os riscos decorrentes dos cortes orçamentais infligidos à
entidade pública responsável pela gestão desta unidade do Património do Estado.
A Mata Nacional de Leiria foi em outubro de 2017 vítima de um
gigantesco incêndio, potenciado por uma gestão pública de abandono ao longo de
décadas. Após a ocorrência persistem os sinais de abandono da gestão, seja na
área não ardida, seja na que foi consumida pelas chamas.
Na área ardida, a Mata é atualmente um gigantesco viveiro de
pragas e doenças, face ao cemitério arbóreo em apodrecimento e ainda em pé. No
solo, a par da regeneração de pinheiro bravo, assiste-se com maior pujança à
recuperação e invasão por espécies exóticas. É abundante a germinação de
sementes de eucalipto, num violento processo de invasão pós-incêndio. A esta
ocorrência acresce a rebentação de novas varas em eucaliptos ardidos. A
proliferação de acácias e de robinias ocorre sem evidência robusta de controlo.
Na área não ardida desta Mata Nacional é evidente o risco para
as populações. Em São Pedro de Moel, localidade com forte peso turístico, não
existe faixa de 100 metros de proteção ao aglomerado urbano. Reforça-se,
trata-se de uma área florestal pública com a gestão atribuída ao Instituto de
Conservação das Florestas e da Natureza. Nesta área persiste a inexistência de
faixas da rede primária de gestão de combustíveis (aceiros P e S), embora há
muito estejam previstas no respetivo plano de gestão florestal.
A recuperação da Mata
persiste em lume brando, num processo de arrasto do problema para futuras legislaturas. Os cortes orçamentais que ao longo de décadas têm inviabilizado a
operacionalidade da autoridade florestal nacional, persistem com forte pendor
na atual legislatura. Continuará assim com o Orçamento de Estado para 2019?
O Governo, com destaque para
os Ministérios das Finanças e da Agricultura, é do facto o único responsável
por danos futuros à Mata e às populações envolventes.
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