terça-feira, 7 de agosto de 2018

Epidemia de eucaliptos e “investimento de casino” põem em causa populações e território


Portugal é vítima da proliferação de espécies exóticas pelo seu território. O eucalipto ocupa 10% do território nacional, assumindo o país o primeiro lugar na área relativa de plantações desta espécie a nível mundial. A esta espécie, originária da Austrália, acrescem os danos provocados nos ecossistemas nacionais pelas invasões de acácias e háqueas, espécies com a mesma origem geográfica.

O território nacional é vítima de uma epidemia de eucaliptos, áreas com forte densidade arbórea e com uma gestão de abandono. Este facto tem uma expressão territorial superior a 800 mil hectares e é fruto de um “investimento de casino”, de uma aposta na sorte entre sucessivos incêndios. Para além do elevado risco para as populações, constatado em 2017, esta situação provoca um contínuo empobrecimento económico, social e ambiental.

É-nos vendida uma alegada boa gestão nas áreas de monocultura de eucalipto na posse das empresas de celulose, com uma área global de cerca de 155 mil hectares. Mas, será mesmo assim? Não sendo apresentados e validados números, estima-se terem ardido, só em 2017, cerca de 10% desse património. No presente incêndio, em Monchique, assumem destaque áreas de eucaliptal na posse destas empresas.


A dispensa de uma importante fatia do território a dois grupos empresariais inviabiliza outras opções com muito maior peso no Produto Interno Bruto nacional. O sector do turismo e outras ocupações mais sustentáveis do território são as principais vítimas. O sector do turismo tem no PIB um peso dez vezes superior ao total do sector florestal, este último englobando os subsectores da cortiça, das madeiras e do mobiliário, este representando 80% do volume de emprego no sector, e o da celulose e papel.

O país tem de fazer opções, ou manter uma epidemia e um “investimento de casino” pelo seu território, ou adequar esse território a usos mais sustentáveis, como a produção agroflorestal ou de paisagem para recreio e lazer. O tempo de decisão não é eterno. As alterações climáticas exigem urgência na tomada de uma posição, a bem do território e, sobretudo, das populações, das rurais e das urbanas.


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