A Direção da ACRÉSCIMO recebe, novamente, com grande preocupação
as recentes notícias que dão conta da acusação da The Navigator Company pela
prática de “dumping” por parte do Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
Esta situação em nada favorece a boa imagem que todo um setor económico
pretende vincar no plano internacional, seja ao nível da indústria das madeiras
e do mobiliário, seja da cortiça.
Uma
condenação pela prática de vendas abaixo do custo é frequente em empresas de
outros continentes, designadamente onde as práticas de responsabilidade social
são menos prezadas. Não é aceitável numa empresa europeia.
Teme-se
que a posição assumida pelas autoridades norte-americanas possa afetar a imagem
do setor florestal português e, mais ainda, o da floresta portuguesa, já de si
vítima de um processo de desflorestação, da queda acentuada de valor económico
e da abrupta derrocada do seu peso social, registados nas últimas décadas.
Propagandeado
como um ícone de gestão empresarial e florestal, o grupo tem exercido uma
influência decisiva na definição da política florestal em Portugal nas últimas
legislaturas. Muito para além do aceitável.
Não
partilhando da visão atualmente vigente para o desenvolvimento do setor
florestal em Portugal, a Acréscimo considera que existe lugar no País à
produção de pasta e papel e à cultura do eucalipto. Não pode é o País submeter-se
aos caprichos financeiros da indústria papeleira, nem afetar a cultura do
eucalipto ao uso em exclusividade por um subsetor industrial, mais ainda se com
práticas de mercado impróprias.
O
grupo tem ainda usufruído, a cada ano e por motivos muito discutíveis, de
avultados milhões de euros a título de benefícios fiscais concedidos pelo
Estado Português. Porventura, tais “facilidades” por parte do Orçamento de
Estado podem estar a retirar racionalidade económica à gestão do grupo, podendo
mesmo ocasionar a prática de atos de gestão moralmente condenáveis.
Na sequência da decisão do Departamento de Comércio dos Estados
Unidos, será expectável que o Estado Português, através das autoridades
competentes, investigue as práticas de mercado levadas a cabo pelo grupo
Portucel Soporcel em Portugal. Será o desejável para a empresa, para o setor
florestal e para o próprio Estado na sua obrigação de defesa dos superiores
interesses nacionais.
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