Analisado o Relatório de Avaliação aos Incêndios ocorridos
entre 14 e 16 de outubro de 2017 em Portugal Continental, elaborado pela
Comissão Técnica Independente (CTI2), criada pela Assembleia da República,
constata-se que o mesmo vem contrariar os relatórios que o ministro da Agricultura
alegou ter na sua posse sobre a gestão da Mata Nacional de Leiria.
A 18 de outubro de
2017, após o incêndio que destruiu 86% da Mata Nacional de Leiria, o ministro
da Agricultara afirmou à Imprensa dispor de informação que dava como realizada
a gestão de combustível de forma tecnicamente adequada nesta área do Património
do Estado. Todavia, a CTI2 veio agora contrariar a informação que o ministro
alega, demonstrando a débil situação a que era votada aquela área pública.
A Acréscimo, em visita
técnica realizada a 22 de outubro, havia já constatado situações que apontavam
para uma situação de abandono quase generalizado, seja na área vitimada pelo
incêndio desse mês, mas também na área que restou fora do polígono abrangido
por este.
Face à importância ambiental,
social e económica das Matas Nacionais, em concreto da Mata Nacional de Leiria,
a Acréscimo tem vindo a manifestar a sua preocupação face a eventual privatização,
concessão ou municipalização, no todo ou em parte, do Património Florestal do
Estado. Portugal regista a menor área florestal pública dos 28 Estados Membros
da União Europeia, ocupando uma das primeiras posições com menor área florestal
pública a nível mundial. Importa registar que a Lei de Bases da Política
Florestal (Lei n.º 33/96, de 17 de agosto) dispõe que compete ao Estado a
ampliação do património florestal público (alínea c) do Art.º 8.º), facto que,
passados quase 22 anos, ainda não se registou.
A Acréscimo realizará
nova visita técnica para averiguar dos avanços registados desde outubro de
2017, em concreto no que respeita à gestão de combustível, quer na rede primaria,
quer na secundária, mas também no interior dos talhões arborizados não afetados
pelo incêndio de 2017. Pretende ainda averiguar sobre os avanços na retirada da
madeira ardida, sobretudo a de maior valor comercial, passados cinco meses, já com
elevado risco de depreciação. Por fim, estando em época propícia a ações de
recuperação de área ardida, pretende-se avaliar dos esforços e do modelo subjacentes
a essa recuperação.
Eventualmente ao contrário de outras entidades cívicas, a
Acréscimo, tal como o público em geral, desconhece o teor do Plano deIntervenção nas Matas Públicas e Perímetros Florestais que estão sob a gestão
do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Este não está
disponível no Portal do Governo, nem no Portal do ICNF. Em todo o caso, a Lei
de Bases dispõe ser do interesse público a exploração, conservação, reconversão
e expansão da floresta, mais ainda a que se insere no Património do Estado.
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