terça-feira, 2 de janeiro de 2018

O Governo garantiu a expansão da área de eucalipto em Portugal até ao final da Legislatura

De acordo com disposição do Orçamento do Estado, entrou ontem em vigor a Lei n.º 77/2017, de 17 de agosto, que procede à primeira alteração à “lei que liberaliza as plantações de eucalipto” (Decreto-lei, n.º 96/2013, de 19 de julho).


Conforme o disposto na Lei n.º 77/2017, de 17 de agosto, deixaram de ser permitidas, desde ontem, as ações de arborização com eucalipto. Como exceção, constam as ações de compensação.

Todavia, nos termos do disposto na mesma lei, as comunicações e pedidos de autorização para expansão da área de plantações de eucalipto, entrados no Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) até ao final de 2017, podem ser executados nos dois anos subsequentes à comunicação ou notificação da autorização. Desta forma, tais operações prolongar-se-ão para além do final da presente Legislatura.

Até 30 de junho de 2017, nos termos do regime jurídico das ações de arborização e rearborização, em vigor desde 17 de outubro de 2013, a área validada e autorizada para a expansão das plantações de eucalipto em Portugal registou um aumento similar ao da superfície da cidade de Lisboa. Do total de validações e autorizações, registadas até 30 de junho último, 57% são da responsabilidade do atual Governo. Não é conhecida ainda a expansão da área de plantações de eucalipto decorrente das validações e autorizações correspondentes ao período de 30 de junho a 31 de dezembro de 2017. Estima-se alta.

Pior, face ao perigo associado a esta cultura, revelado pelas estatísticas da última década e, em especial, pelos incêndios de 2017, as validações e autorizações ocorrem sem uma análise financeira e comercial. Ou seja, esta expansão ocorre sem avaliação da capacidade financeira e comercial dos investidores para gerir tais áreas, ou melhor, sem garantias mínimas de que tais áreas não venham a ser abandonadas no futuro, engrossando ainda mais um ciclo prolongado de incêndios em Portugal. A Acréscimo já alertou várias vezes para a irresponsabilidade do Estado nestas validações e autorizações, sobretudo nos investimentos associados a espécies de rápido crescimento. Os custos sociais adivinham-se muito elevados.


Com o subterfúgio de envio do problema para o Parlamento, quando o Governo tinha capacidade e acordos para o resolver, conseguiu assegurar a exigência da indústria papeleira. Conseguiu igualmente dar o seu contributo para perpetuar preços baixos de rolaria de eucalipto à produção, bem como para assegurar a manutenção do risco social de incêndios florestais em Portugal.


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