quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

A exigência, pela indústria papeleira, por mais área de eucalipto em Portugal, tem por base a produção de pasta e papel ou de energia por cogeração?

O envolvimento das plantações de eucalipto na área ardida em floresta revela um acentuado crescimento na última década. As previsões apontam para um agravamento da situação. Se a madeira ardida de eucalipto apresenta fortes restrições para a produção de pasta celulósica e de papel de qualidade, já não tem restrições para o uso como biomassa para energia. Pelo contrário, pela forte desvalorização de preço dos ardidos, pode haver até uma significativa vantagem para este último fim.

Na última década (2007/2016), o envolvimento das plantações de eucalipto na área ardida em floresta regista um acréscimo superior a 20%.

Ano
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2017
%
29%
42%
28%
39%
40%
31%
35%
40%
45%
50%


Em 2017, nos grandes incêndios de 17 de junho, em Pedrogão Grande e em Góis, as percentagens de área ardida envolvendo plantações de eucalipto (excluindo as áreas mistas de eucalipto com outras espécies) no total da área ardida em floresta foram, respetivamente, de 51% e 53%.

Apesar das restrições à utilização da rolaria ardida de eucalipto no fabrico de pasta celulósica e na produção de papel de qualidade, o facto é que a depreciação de preço deste material lenhoso constitui uma significativa oportunidade para a sua utilização na produção de energia por cogeração, área de negócio igualmente forte para as unidades da indústria papeleira nacional. A Enerpulp, empresa participada do grupo The Navigator Company, nas unidades de Cacia, Figueira da Foz e Setúbal, consome quase meio milhão de toneladas de biomassa florestal por ano para a produção de energia. O grupo Altri, através da Caima, em Constância, e da Celtejo, em Vila Velha do Ródão, consome mais de 200 mil toneladas de biomassa florestal por ano na produção de energia por cogeração.

Na Península Ibérica assiste-se à transformação de unidades produtoras de pasta para papel em centrais de produção de energia a partir de biomassa florestal. Este produto tende, no médio prazo, a ver aumentada a sua disponibilidade face aos recorrentes incêndios em floresta.


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