Em Portugal atuam dois sistemas que
asseguram comprovar a gestão sustentável nas explorações florestais,
concretamente o FSC e o PEFC, este último líder a nível mundial, isto
através de auditorias e pela emissão de certificados.
Tais sistemas seriam financiados por
donativos ou pelo acréscimo no preço de bens com certificado, quando voluntariamente
escolhidos, face aos demais, pelos consumidores finais, no âmbito de uma estratégia
de responsabilidade social.
Sobre
estes sistemas têm recaído várias dúvidas e denúncias. No primeiro caso, protagonizado
pela Acréscimo, está a deposição de resíduos industriais em áreas florestais
certificadas, cujo processo de monitorização se desconhece. No segundo, recentemente
ocorrido em França, o facto de um destes sistemas ter estado envolvido na emissão
de certificados para suiniculturas, supermercados, discotecas e, mesmo, para
reatores em centrais nucleares (1).
Todavia,
acrescem outras questões:
No
processo de certificação em floresta, do ponto de vista teórico, nada impede
que, numa exploração a corte, por exemplo numa plantação de eucaliptos entre o
10.º e o 12.º ano, se opte pela certificação em final de vida do arvoredo para,
assim, se beneficiar do acréscimo em preço de um bem com certificado, muito
embora, no período de tempo que deu origem ao seu crescimento e desenvolvimento
não se tenham adotado boas praticas silvícolas. De outro modo, qual o número de
auditorias de acompanhamento que são necessárias para certificar uma plantação
de eucaliptos antes de um corte? Ou, ainda de outro modo: Na certificação de um
povoamento a corte imediato, que garantias são exigidas para que futuramente, numa
nova rotação ou rearborização, este será sujeito a uma gestão florestal sustentável?
Não e possível que um certificado emitido prévio a um corte seja depois perdido,
iniciando-se novo processo de obtenção de um novo certificado, novamente em
momento prévio a um corte posterior?
Tendo
passado, em Portugal, tais sistemas a beneficiar de apoio público (ou seja,
para além de serem financiados, voluntariamente, pelos consumidores, passaram a
ser financiados pelos contribuintes nacionais e europeus, neste caso, mesmo que
involuntariamente), quais os mecanismos que o Estado dispõe de acompanhamento a
estes sistemas? Este é um aspeto desconhecido. Realça-se o facto de um consumidor
que voluntariamente opte por um produto certificado poder estar a pagar novamente
o que já financiou como contribuinte.
Para a credibilidade destes sistemas junto
dos consumidores, bem como do esforço responsável de muitos proprietários
florestais privados na adoção de praticas de gestão florestal sustentável, é de
toda a conveniência uma resposta às questões ora colocadas.
(1) Ver: http://www.francetvinfo.fr/france/video-cash-investigation-des-labels-en-bois_2012290.html
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