segunda-feira, 3 de outubro de 2011

FLORESTA: MUDAR É URGENTE.




Apesar do prolongamento do período estival, no qual, graças às condições meteorológicas anteriormente registadas, os incêndios florestais não tiveram este ano um impacto tão nefasto como noutros, importa agora recentrar a discussão sobre os verdadeiros problemas da Floresta Portuguesa, como:

· O desconhecimento quanto à posse da propriedade rústica em parte considerável do território, a sua dimensão e fragmentação, a fragilidade do associativismo e a não gestão da grande maioria das superfícies florestais;
· O desincentivo ao investimento florestal, pela crescente carga burocrática, pela política de preços da indústria sobre os bens florestais, por um inadequado tratamento fiscal, por ineficazes sistemas de controlo de riscos e por ausência de um serviço de assessoria técnica florestal;
· A pouca motivação política, os ciclos associados à floresta são demasiado longos face aos ciclos políticos, o que implica na necessidade de se estabelecerem pactos estratégicos duradouros ao nível do Parlamento.
· O crescente desligamento, afastamento ou mesmo desresponsabilização de setores silvo-industriais relativamente à sua base de matérias-primas, setores esses aos quais a Sociedade deve exigir maior empenho no respeito pelos princípios do Desenvolvimento Sustentável e, simultaneamente, de Responsabilidade Social.
As consequências devastadoras que estes problemas acarretam fazem-se sentir, sobretudo, ao nível dos incêndios florestais, do alastramento de pragas e doenças, da deterioração dos solos e das linhas de água, na necessidade de importar material lenhoso e, consequentemente, no empobrecimento do País.
Atualmente, está em causa a sustentabilidade da Floresta Portuguesa, subaproveitada, sobre-explorada e desprotegida.
A situação é de tal forma grave, que é publicamente assumida pela Autoridade Florestal Nacional, quando admite que “dentro de 15 anos não teremos material lenhoso” para viabilizar as necessidades de consumo das empresas do setor, não só as PME, há alguns anos confrontadas com gravíssimos problemas de subsistência, mas também as da indústria transformadora de maior dimensão, que tendem a procurar a sua segurança fora do País. Hoje, importamos cerca de 2.000.000 de metros cúbicos de material lenhoso, com um custo estimado em 200.000.000 de Euros por ano. A burocracia contribui ainda para a eventual perda de cerca de 300.000.000 de Euros de fundos de Bruxelas destinado à floresta.
Mais grave ainda, a atual incapacidade em fornecer, de forma racional e sustentável, bens de origem florestal, inviabiliza projetos futuros e determinantes para a redução das emissões de GEE e para a diminuição da dependência energética do País.
Importa ter presente que, qualquer intervenção estratégica em espaços florestais só produzirá efeitos a médio e longo prazo, bem mais do que um ciclo legislativo. As árvores levam décadas a crescer, logo a disponibilizar bens, quer seja madeira, cortiça ou frutos, e a proporcionar serviços, como paisagem, espaços de lazer, conservação dos solos e da água.
O momento de agir é já. 2011, Ano Internacional das Florestas, é um ótimo momento para iniciar a mudança. A Acréscimo desafia à Sociedade, todos temos de contribuir, pois o ganho é de todos, mas principalmente será dos nossos filhos e netos, as futuras gerações de Portugal.

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