sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Queimar florestas não é energia renovável, contribui para o colapso da biodiversidade e emite GEE


 

Terminou esta semana o período de consulta pública à revisão da Diretiva 2018/2001/EU de promoção ao uso de energia a partir de fontes renováveis. No âmbito da mesma, mais de 500 cientistas endereçaram carta aberta ao Presidente dos EUA, Joe Biden, à Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ao Primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, e ao Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, sobre os riscos associados à destruição das florestas para a produção de energia. Entre os subscritores portugueses contam-se vários investigadores e Professores Catedráticos, entre eles, Helena Freitas, da Universidade de Coimbra, Maria Amália Martins-Loução e Filipe Duarte Santos, da Universidade de Lisboa, e Maria Rosa Paiva, da Universidade Nova de Lisboa.

 

Várias organizações nacionais participaram na consulta pública. A ACRÉSCIMO defende a exclusão da queima de biomassa primária florestal, essencialmente de troncos, para a produção de energia. Na base desta posição está o contributo desta queima na produção de gases de efeito estufa e de partículas prejudiciais à saúde humana, mas, principalmente, do contributo que a destruição a que têm sido submetidas as florestas tem para o colapso da biodiversidade. Com efeito, a política europeia de uso da biomassa florestal primária para a produção de energia tem provocado uma vasta destruição do coberto florestal além-mar, como nos Estados Unidos, no Canadá e na Rússia. Entre fronteiras europeias foi recentemente dado o alerta sobre a grave situação de destruição de áreas florestais na Estónia.

 

Em Portugal, a queima de troncos de árvores para a produção de energia assume especial preocupação, face ao avanço da desertificação, ao agravar da suscetibilidade do território face às alterações climáticas com a perda de coberto arbóreo. Se o argumento, já desmontado em relatório da Assembleia da República, de que a utilização desta biomassa contribui para a redução do risco de incêndio, pode-se colocar uma preocupante questão:

 

Até que ponto a disponibilização a baixo custo e com baixo teor de humidade dos troncos ardidos não beneficia as entidades do sector energético associado à utilização de biomassa florestal primária para a produção de energia?

 

A ACRÉSCIMO, já em 2017 tinha considerado “pouco séria” a posição do Governo neste domínio.

 

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