A gestão florestal consiste na aplicação de princípios e
metodologias de caráter técnico, comercial, ambiental e social a uma
determinada superfície florestal, seja uma propriedade ou um conjunto de
propriedades. O objetivo de concretização de uma adequada gestão florestal é
determinado, mais ainda em floresta essencialmente privada, pelas expetativas
de rentabilidade que, ao longo do tempo, a produção de bens e a prestação de
serviços possa gerar a partir dessa superfície. O negócio privado da
certificação florestal não garante uma adequada gestão florestal, é tão só um
elemento que, a par de outros, muitos da responsabilidade do Estado, evidencia
que uma determinada superfície é adequadamente gerida, sobretudo no plano
ambiental. Mas, será essa evidenciação transparente?
A
Acréscimo tem vindo desde 2013 a suscitar a visita a locais de floresta
certificada, especificamente onde são aplicados resíduos industriais. Em causa
estão áreas certificadas de um operador silvo-industrial nacional. Até agora
não teve sucesso.
A
aplicação de resíduos industriais em áreas florestais pode aportar, se
inadequadamente gerida, problemas vários, incluindo de Saúde Pública.
A
certificação florestal assenta na realização de auditorias periódicas às
entidades que voluntariamente recorreram à certificação. A par do que aconteceu
na banca ou com grandes grupos empresariais, também na certificação florestal
se pode assistir ao mesmo tipo de ineficiências por parte dos auditores,
sobretudo quando está em causa a certificação de grandes “players” industriais.
Este é um dos motivos que levou a Acréscimo a sugerir maior transparência do
processo, incluindo a visitação por terceiros de áreas florestais certificadas,
sobretudo as que estão na posse ou são geridas por grandes operadores
silvo-industriais.
Na
sequência dos pedidos de esclarecimento sobre a aplicação de resíduos
industriais em áreas florestais certificadas, temos tido conhecimento que, da
parte do Ministério da Agricultura não existem manuais específicos para a
aplicação destes resíduos em culturas florestais. Não são conhecidos estudos
científicos independentes, que tenham por base áreas e culturas florestais
nacionais, e que suportem tal aplicação.
Mais,
estamos em crer que, nalgumas áreas sugeridas para visitação pela Acréscimo,
terão decorrido entretanto visitas por parte de responsáveis de algumas Associações
Ambientais. Mas, poderão ser estas últimas consideradas independentes neste
domínio se, nas suas receitas, constarem apoios financeiros periódicos oriundos
das entidades certificadas cujas áreas visitaram?
Importa
ter presente que, nos dois principais sistemas de certificação florestal
existentes em Portugal, nos seus órgãos dirigentes nacionais, se encontram a
par representantes de grandes operadores industriais e das Associações
Ambientais.
A
fiscalização da aplicação de resíduos industriais em culturas agrícolas e
florestais compete a organismos do Ministério da Agricultura. Essa
fiscalização, sobretudo em áreas de grandes operadores silvo-industriais, tem
sido efetiva e eficiente? Estão disponíveis relatórios respeitantes a estas
ações?
A certificação florestal, sobretudo em áreas de grandes operadores
silvo-industriais carece de transparência. Essa transparência, quando está em
causa a gestão de centenas de milhares de hectares de floresta, tem de envolver
entidades que estão para lá das que integram os sistemas de certificação, sejam
organizações cívicas, organismos técnicos e autarquias, estas últimas na
qualidade de representantes das populações locais, as que correm maiores riscos
de serem afetadas por deficiências do processo de certificação florestal,
sobretudo no que respeita à aplicação de resíduos industriais.
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