quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Os dados do 6.º Inventário Florestal Nacional: Exótica domina o espaço florestal português.


Está agendada para o início da próxima semana a apresentação pública dos resultados do 6.º Inventário Florestal Nacional (IFN6).

De acordo com os resultados preliminares tornados públicos, o eucalipto domina os espaços florestais nacionais, contudo, os dados apontados, de 750 mil hectares de eucaliptal, merecem a maior reserva, por serem considerados muito aquém da realidade. Entre povoamentos puros e povoamentos onde se encontra misturado com outras espécies, onde o eucalipto predomine ou seja minoritário, a expetativa aponta para valores mais próximos de um milhão de hectares de eucaliptal em Portugal, a quinta maior área no Mundo. A área de eucalipto em Portugal duplicou nos últimos 30 anos, essencialmente pela reconversão de áreas de pinhal bravo ou pela florestação de solos anteriormente com uso agrícola. A produtividade média anual contudo mantém-se inalterada.


Por princípio, a Acréscimo não se manifesta quanto a espécies específicas, mesmo exóticas, desde que não invasoras e desde que sejam assumidas medidas mitigadoras dos impactos que estas possam causar nos ecossistemas nacionais, e pela dimensão da área que ocupem sejam geradoras de mais-valias para a atividade silvícola e para a economia florestal.

Todavia, são vários os indicadores que contrariam os benefícios desta duplicação da área de eucaliptal.

No que respeita aos preços unitários pagos à produção (à porta da fábrica), fator decisivo para a rentabilidade do negócio silvícola e assim fundamental para a garantia de uma gestão florestal ativa, regista-se, de acordo com os valores expressos na Estratégia Nacional para as Florestas (ENF), uma redução superior a 40% entre 1990 e 2005. As últimas Contas Económicas da Silvicultura, publicadas pelo INE em junho de 2012, não contrariam esta tendência ao longo da última década.

Apesar da duplicação da área de eucaliptal em Portugal, o peso do Valor Acrescentado Bruto da silvicultura no VAB nacional e o peso do setor florestal no PIB evidenciaram francas reduções, no primeiro caso de 67% entre 1990 e 2010 e no segundo de 40% ao longo da década 2000-2010. Poder-se-à constatar que, quanto maior a degradação do montado, menor a área de pinhal bravo e maior a área de eucalipto, menor é o valor económico da floresta portuguesa e menor é o peso do setor florestal no Produto Interno Bruto.

Contudo, o problema de fundo reside ao nível da gestão florestal. Os dados do IFN6 apontam para a substituição, em número de hectares, de uma espécie lenhosa, com elevada combustibilidade e com deficiente gestão, por outra espécie lenhosa, exótica, de elevada combustibilidade e com deficiente gestão. A ausência de uma adequada gestão florestal tem como resultado a propagação dos incêndios e a proliferação de pragas e de doenças. Consequências essas que têm sido cada vez mais evidenciadas nos últimos anos em Portugal.

Em conclusão, os dados do IFN6, acrescidos da massificação do eucaliptal em Portugal (por massificação entenda-se o aumento indiscriminado de área, sem uma aposta na gestão e na melhoria da produtividade) permitem perspetivar a manutenção do status quo, com a diminuição do peso económico da floresta e a sua destruição pelo fogo, pragas e doenças.

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