Está
agendada para o início da próxima semana a apresentação pública dos resultados
do 6.º Inventário Florestal Nacional (IFN6).
De
acordo com os resultados preliminares tornados públicos, o eucalipto domina os
espaços florestais nacionais, contudo, os dados apontados, de 750 mil hectares
de eucaliptal, merecem a maior reserva, por serem considerados muito aquém da realidade.
Entre povoamentos puros e povoamentos onde se encontra misturado com outras
espécies, onde o eucalipto predomine ou seja minoritário, a expetativa aponta
para valores mais próximos de um milhão de hectares de eucaliptal em Portugal,
a quinta maior área no Mundo. A área de eucalipto em Portugal duplicou nos
últimos 30 anos, essencialmente pela reconversão de áreas de pinhal bravo ou pela
florestação de solos anteriormente com uso agrícola. A produtividade média
anual contudo mantém-se inalterada.
Por
princípio, a Acréscimo não se manifesta quanto a espécies específicas, mesmo
exóticas, desde que não invasoras e desde que sejam assumidas medidas
mitigadoras dos impactos que estas possam causar nos ecossistemas nacionais, e
pela dimensão da área que ocupem sejam geradoras de mais-valias
para a atividade silvícola e para a economia florestal.
Todavia,
são vários os indicadores que contrariam os benefícios desta duplicação da área
de eucaliptal.
No
que respeita aos preços unitários pagos à produção (à porta da fábrica), fator
decisivo para a rentabilidade do negócio silvícola e assim fundamental para a
garantia de uma gestão florestal ativa, regista-se, de acordo com os valores
expressos na Estratégia Nacional para as Florestas (ENF), uma redução superior
a 40% entre 1990 e 2005. As últimas Contas Económicas da Silvicultura, publicadas
pelo INE em junho de 2012, não contrariam esta tendência ao longo da última década.
Apesar
da duplicação da área de eucaliptal em Portugal, o peso do Valor Acrescentado Bruto
da silvicultura no VAB nacional e o peso do setor florestal no PIB
evidenciaram francas reduções, no primeiro caso de 67% entre 1990 e 2010 e no
segundo de 40% ao longo da década 2000-2010. Poder-se-à constatar que, quanto maior
a degradação do montado, menor a área de pinhal bravo e maior a área de eucalipto,
menor é o valor económico da floresta portuguesa e menor é o peso do setor
florestal no Produto Interno Bruto.
Contudo,
o problema de fundo reside ao nível da gestão florestal. Os dados do IFN6
apontam para a substituição, em número de hectares, de uma espécie lenhosa, com
elevada combustibilidade e com deficiente gestão, por outra espécie lenhosa,
exótica, de elevada combustibilidade e com deficiente gestão. A ausência de uma
adequada gestão florestal tem como resultado a propagação dos incêndios e a
proliferação de pragas e de doenças. Consequências essas que têm sido cada vez
mais evidenciadas nos últimos anos em Portugal.
Em
conclusão, os dados do IFN6, acrescidos da massificação do eucaliptal em
Portugal (por massificação entenda-se o aumento indiscriminado de área, sem uma
aposta na gestão e na melhoria da produtividade) permitem perspetivar a
manutenção do status quo, com a diminuição do peso económico da floresta
e a sua destruição pelo fogo, pragas e doenças.
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