OCDE confirma a 4.ª pior posição nos 37 Estados Membros, a 2.ª mais grave entre os 27 na UE
Nas vésperas de mais um Dia Mundial do Ambiente, a assinalar no próximo sábado, dia 5 de junho, urge constatar a evolução da perda de áreas naturais e seminaturais, tendo em conta um recente relatório da OCDE.
De acordo com o relatório de outubro de 2020, intitulado “Making de Green Recovery work for jobs, income and growth” [1], no conjunto dos 37 membros da OCDE [2], Portugal surge no quarto lugar em perda relativa de áreas naturais e seminaturais [3], registada entre 1992 e 2018. Portugal é apenas antecedido pela Coreia do Sul, Israel e Estónia. Em situação oposta encontram-se a Islândia, o Canadá e a Nova Zelândia.
No plano da União Europeia, constata-se a presença de seis Estados Membros nas dez primeiras posições em perda relativa de áreas naturais e seminaturais. De acordo com o citado relatório da OCDE, Portugal, na segunda posição, é precedido pela Estónia e antecede a Lituânia, a Eslováquia, a Dinamarca e Espanha.
Conforme assinalado no relatório, a perda de áreas naturais e seminaturais contribui para o aumento de emissões de gases de efeito estufa e exerce pressão sobre a biodiversidade, através da fragmentação de habitats.
Em Portugal, a perda de áreas naturais e seminaturais deve-se, de acordo com o Global Forest Watch [4] sobretudo, aos incêndios florestais e à conversão para extensas áreas de plantações de eucalipto e de outras monoculturas agrícolas. Em concreto, a perda de coberto florestal é corroborada por dados do Banco Mundial [5], muito embora nesta avaliação sejam consideradas como floresta as áreas de plantações de eucalipto.
Na sequência deste posicionamento de Portugal, a IRIS e a ACRÉSCIMO exigem ao Governo medidas claras, devidamente fundamentadas, suportadas em cronogramas e orçamentos viáveis, para a inversão urgente deste roteiro sinistro, seja ao nível das políticas ambientais, de conservação da natureza e das florestas, seja ao nível das políticas agrícolas, de ordenamento e coesão territorial. O atual percurso produz impactes muito negativos, quer em termos de emissões de gases de efeito estufa, de perda de solos, de recursos hídricos e de biodiversidade, quer em termos de fragilidade face às ameaças decorrentes das mudanças climáticas.
As signatárias,
[2] Estados membros da OCDE (37); Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Colômbia, Coreia do Sul, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estados Unidos, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Japão, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia, Suíça e Turquia.
[3] Embora visível na 3.º posição do gráfico “Loss of natural and semi-natural areas since 1992”, a Indonésia não é membro da OCDE.
[5] Em: https://data.worldbank.org/indicator/AG.LND.FRST.ZS?locations=PT
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